
Deu vontade de botar aqui um pequeno trecho do livro que to lendo sobre Psicologia Analítica do Jung. Acho que poucos vão ler, mas besteira :D
"Eu não concordaria, pois enquanto esse homem puder explicar-se e eu sentir que podemos manter um contacto, afirmarei que ele não está louco. Estar louco é uma concepção extremamente relativa. Em nossa sociedade quando, por exemplo, um negro se porta de determinada maneira, por exemplo, é comum dizer-se: “Ora, ele não passa de um negro”, mas se um branco agir da mesma forma, é bem possível dizerem que ele é louco, pois um branco não pode agir daquela forma. Estar louco é um conceito social. Usamos restrições e convenções sociais a fim de reconhecermos desequilíbrios mentais. Pode-se dizer que um homem é diferente, comporta-se de maneira fora do comum, tem idéias engraçadas, e se por acaso ele vivesse numa cidadezinha da França ou da Suíça, diriam: “É um fulano original, um dos habitantes mais originais desse lugar”. Mas se trouxermos o tal homem para a Rua Harley, ele será considerado doido varrido. Se determinado indivíduo é pintor, todo mundo tende a considerá-lo um homem cheio de originalidades, mas coloque-se o mesmo homem como caixa de banco e as coisas começarão a acontecer... Dirão que o homem é um louco consumado. Essas opiniões não passam, entretanto, de considerações sociais. Vejamos o exemplo dos hospícios: não é o aumento de insanidade que faz nossos asilos ficarem apinhados; é o fato de não podermos mais suportar as pessoas anormais, isto sim. Então parece haver muito mais loucos do que antes. Lembro-me, em minha juventude, de pessoas que mais eu reconheceria como esquizofrênicas, as quais nos referíamos da seguinte maneira: “Tio fulano é um homem extremamente original”. Na minha cidade natal existem vários imbecis, mas ninguém era capaz de dizer: “Ele é tão bonzinho...” Da mesma forma chamam-se alguns tipos de idiotas de “cretinos”, derivado da expressão “Il est bom chrétien” (ele é bom cristão). Seria impossível dizer qualquer coisa sobre eles, mas pelo menos eram bons cristãos."
[Fundamentos de Psicologia Analítica - Jung]
Vale ressaltar que isso não vale só para a loucura, serve também para outros estereótipos que nós teimamos em botar em tudo que é gente.
Quero saber é quem não tem algum traço meio estranho.
Quem aguentaria viver numa sociedade com todos iguais e aparentemente normais.
Ou mesmo viver sem as excentricidades necessárias pra não deixar tudo tão entediante.
É isso.
adeus, manos.
o/